Adolescência: o atravessar de uma ponte que conecta a infância à vida adulta

Chamada na  psicanálise de “crise da puberdade”, a adolescência é essa fase da vida que vem acompanhada da mudança na forma de sentir e se comportar diante das circunstâncias da vida. Situações que, na fase anterior, infância, eram vivenciadas de forma tranquila agora trazem uma carga emocional que geram ações e reações que pegam todos de surpresa. A sensação de estar perdido, até mesmo de não se reconhecer, as incertezas, a solidão, as alterações de humor, a falta de sono e a hipersonia se tornam tão presentes que muitas vezes são  diagnosticados como transtornos mentais.

Isso tudo se deve a alteração na forma de funcionamento cerebral, especialmente da amígdala cerebral, que, entre outras funções é responsável pelo nosso controle emocional.

A forma de vivenciar essa fase muitas vezes não afeta somente o adolescente, mas todo o núcleo familiar, com os pais se sentindo perdidos e frustrados diante da mudança dos filhos e das novas experiências que vão surgindo nesse processo de amadurecimento. Muitos pais ficam extremamente inseguros, se perguntando o que estão fazendo de errado e buscando caminhos para aprender a lidar com essa pessoa que roubou o lugar da criança doce que anteriormente estava ali.

Perguntas internas se impõem nessa fase da vida. Uma delas, o quem sou, diz respeito à identidade; a outra: o que eu quero fazer da vida, qual profissão seguir, qual o meu propósito. Por último e não menos importante há a pergunta com quem quero caminhar, que diz respeito aos relacionamentos. As respostas construídas a esses questionamentos vão impactar toda a vida adulta. Por isso é importante tratarmos com carinho dessa fase.

Muitos adultos não resolveram as questões relativas à adolescência na adolescência. Essas questões foram mascaradas por comportamentos aparentemente maduros ou mesmo não foram vivenciadas por queima da etapa (adolescentes com vivências de adultos, como a maternidade, paternidade ou casamento). Isso vai resultar na vivência dessa crise mais tarde, no aparecimento de conflitos internos que minam a construção de uma identidade forte e resiliente, trazendo graves consequências na vida familiar, profissional e até mesmo à saúde.

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